quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O bambolê dourado


Achei uma aliança na porta do supermercado. Fina, pequena e com letras gravadas menores que de bula de remédio. Seria ironia dizer que serviu perfeitamente no meu dedo? Pois é. Perfeito, precisaria nem apertar. Gislaine, Gilciane, Gilsa... Foi difícil entender que era Gisele. Gisele S. Flores.
Fiquei dias imaginando o que poderia ter acontecido. Talvez a moça deixou cair enquanto segurava quatro sacolas pesadas do super mercado. Ou quem sabe brigou com o marido e sem pensar jogou o anel o mais alto que conseguiu? Seria mais emocionante se o que ocorreu foi que Gisele pegou seu marido no flagra, comprando vinho e carpaccio com a amante, fez um escândalo digno de novela mexicana, jogou a aliança no chão e pisou em cima três vezes com o salto quinze. Sei lá. Que perda de tempo tentar desvendar. Meus dias são cheios e eu tenho mais o que fazer além de imaginar que raios aconteceu com o relacionamento de Gisele.
Coloquei no dedo. O de casada não, o de noiva. Afinal, não posso ir com tanta pressa assim. "Só até chegar em casa, para não perder", pensei. Fui até o trabalho, a casa da minha mãe, a escola do pequeno, a academia. Me dei conta que o bambolê dourado continuava no meu dedo enquanto lavava o cabelo, lá pras onze e tanta da noite. Liguei para minha amiga. "Que que eu faço, ?". "Volta lá no super mercado e deixa no balcão com aquelas mocinhas que embrulham para presente, sabe?". "Sério que embrulham coisas para presente no super mercado?". "Sei lá, Má. Se você está se sentindo tão culpada, volta lá. Essa Gislaine deve procurar pela aliança em todos os lugares que foi". "É Gisele, ...". Liguei para a minha mãe. "Você tá usando?". ", . Você me conhece, se eu colocar em qualquer lugar do meu quarto não vou achar nunca mais". "Mas dá azar, filha. É urucabaca!". "Tá. Então o que que eu faço?". "Vê se pode fazer uma coisa dessas. Tira AGORA do dedo!". Entrei no Facebook e perguntei para um cara que estava me paquerando. "Vende. Vai no centro e vende.". "E se eu começar a usar para não precisar dar papo praqueles malas de balada?". "Você não precisa disso. Derrete e vende.". E por fim, perguntei ao meu melhor amigo. "Não quero voltar no super mercado porque vão roubar, não quero vender e nem derreter porque eu acredito no amor, não quero usar porque eu já tenho grande tendência em ficar para titia. Que que eu faço, pelamor?". "Faz um texto".

7 comentários:

  1. Isso me lembrou a história das chaves do "Um beijo roubado". Cada chave tinha uma história, e nesse caso, a aliança tem uma boa história. História essa que vai ficar na imaginação de quem a achar e nas mais de trezentas interpretações que esse "bambolê dourado" possa oferecer.

    Vai ver ela jogou fora com umas lágrimas nos olhos pretendendo deixar um passado que não deu certo pra trás. Vai ver ela perdeu e procura até hoje pelo laço que a prende a outro alguém.

    Vai ver é um sinal de que a tua história cruzou com a dela de alguma forma que só uma completa desconhecida poderia supor ao escrever esse texto. São muitas possibilidades vindas de um único símbolo.

    A certeza que eu tenho é que o texto ficou ótimo e me fez pensar em várias histórias de uma moça com nome e sobrenome e nenhum final feliz escrito por aí.

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  2. O certo seria ele ...e não ela a protagonista desta história pois geralmente gravamos o mome da pessoa que nos relacionamos ..ele é o sujeito da história ....segue texto ''Fina, pequena e com letras gravadas menores que de bula de remédio. Seria ironia dizer que serviu perfeitamente no meu dedo? Pois é. Perfeito, precisaria nem apertar. Gislaine, Gilciane, Gilsa... Foi difícil entender que era Gisele. Gisele S. Flores....''ok..abraços

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  3. Obrigada! Mas o bom da escrita é que o personagem pode ser quem eu quiser que seja! rs.

    Valeu a dica!
    Beijos.

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  4. Tu escreve muuito guria. Adorei, já tá nosmeus favoritos!

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  5. Adorei..esse se amigo aí é ótimo hahaha "faz um texto" solução!Muito bom,você escreve muito bem.

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