quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Da série: resposta ao leitor




Sobre a última coluna no Acidez Feminina, Cícero, el magnífico, diz:

"véi… se toca! pedir conselhos amorosos p uma mina? vira homem e toca tua vida."
25 de janeiro de 2012 às 12:49

Cícero é pura poesia. Consigo imaginá-lo sentado no sofá comendo uma pizza de frango com catupiry com uma mão, segurando a cerveja com a outra e escrevendo com o nariz. Brincadeira. Mas, imagino algo bem parecido com isso.
Primeiro, eu gostaria de agradecer o Cícero pelo seu comentário, pois, a partir dessa citação meio machista, me dei a liberdade de expor aqui alguns números no mínimo curiosos.
Recebo em média (em MÉDIA, porque tem época que putz, vocês terminam namoro igual trocam de roupa íntima) 5 a 6 e-mails por dia com dúvidas e histórias dos leitores das minhas colunas e textos. Sou péssima em matemática, e é exatamente por isso que escrevo, então levando em conta que a estatística seria mais ou menos essa, desses 6 emails, 4 (sim, QUATRO) são de homens. Pois é. Eu também fiquei chocada quando reparei isso. Afinal, como diz meu amigo e meu pai "esse negócio de D.R. é um saco, meio mulherzinha, saca?". Ou então, como me ensinou todas as comédias românticas que assisti na vida: homem não é muito de falar de sentimento. Autolar! Ao que minha caixa de entrada indica, é sim.
De alguma forma, de algum jeito, esses e-mails mostram que os caras também estão dando a cara a tapa e não sentem vergonha de procurar uma ajuda de fora para o relacionamento. Ainda mais, para uma estranha (eu, no caso). E por isso, eu pergunto ao Cícero: se mandar um e-mail contando uma angústia ou uma situação complicada para uma colunista mulher é coisa de homem que não é homem, O QUE você estava fazendo lendo essa mesma coluna? Ai, homens... Sempre tão complicados e difíceis de compreender.
No mais, se você é homem e ás vezes não sabe o que fazer e tem pica para entender que desabafar não te deixa menos macho, não se sinta intimidado para me enviar um e-mail. Não é preciso ADORAR as minhas D.R.'s para ter coragem de pedir ajuda. Me enviar um e-mail sai mais barato que gastar 200 pila no psicologo - ou na terapia de casal. E você ainda pode ter a sua duvida respondida no site da gostosíssima @GirlAcid.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Da série: rapidinhas com meu melhor amigo homem



- Você não vai acreditar. Mesmo sabendo dessas coisas que eu escrevo, ele me chamou pra sair domingo á noite.
- E você não quer?
- Acho que não. Ele tem uma voz estranha.
- Aff...
- Ué, você tá cansado de saber que eu me prendo a defeitos mínimos.
- E isso é saudável ou é só um jeito de evitar se envolver com pessoas legais, pra continuar tendo inspirações pras suas colunas?
(cri cri cri)
((ouch!))

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

O homem podreira


Homem tem que ser um pouco podreira. Uma podreirinha saudável. Um erro no processo. Qualquer coisa que nos faça curtir e ao mesmo tempo querer consertar. Homem tem que ter aquele "nem aí' para o cabelo ou para os pelos, e aquela falta de jeito na hora de dizer qualquer nome de shampoo. Que me perdoem os metrossexuais, mas de nada me atrai um cara que frequenta o mesmo salão que eu - e ainda fofoca com a minha manicure Lourdinha.
Homem tem que ter aquele cabelo na orelha fora do lugar, que só existe para gente tirar. Aquela blusa no ombro, meio seca e meio suada, depois de uma pelada com os amigos. E de vez em quando um cheiro de homem natural, sem Polo, Hugo Boss ou Carolina Herrera. Fazer um pouco de bagunça na cozinha ou deixar aquele prato em cima da televisão. O que seria de nós, mulheres, se não precisássemos pedir que levantassem a maldita tampa do vaso? Ficaríamos sem assunto.
O homem podreira não é um ogro ou uma máquina de soltar arrotos em almoços de família. O homem podreira que descrevo sabe a hora certa de mostrar seu lado tosco. E não necessariamente mal educado. Afinal de contas, homem que é homem tem que aproveitar o fato de ficar naturalmente bonito e atraente, sem precisar de maquiagem. E o homem mezzo podreira fica bonito só de passar água no rosto.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A falsa puritana e o psicólogo


A mulher falsa puritana me irrita. Vou explicar por quê. É aquela que se o cara sutilmente sugere um motel, fala: “ok, mas só para conversar, tá?”. E eu fico aqui refletindo sobre o que seria divertido conversar em um motel. Talvez sobre a intensidade da luz de neon ou sobre a variedade de lubrificantes no cardápio? Um outro assunto super em alta é o mercado das bolinhas massageadoras. E não deve existir nada mais divertido do que ligar a TV e colocar no jornal nacional para discutir juntos, deitados, olhando para o espelho do teto, a previsão do tempo.
A mulher puritana gosta de manter a imagem de boa moça até na porta de um motel sujo de beira de estrada cheio de prostitutas gemendo no quarto ao lado. Quem será que ela quer enganar?
Ela fala que vai para conversar, e muitas vezes, meu amigo, não se anime e vá escolhendo a suíte double luxo master temática. A mulher vai é para pegar no papo mesmo. “Não dá, para, Fernando, estamos indo rápido demais”. 100 reais essas duas horas de divã. A falsa puritana vai fingir que o cara não está dolorido de tanto tesão, e fazer o coitado de psicólogo às três da manhã.
Ela senta na cama redonda do motel pensando em um monte de sacanagem, mas não vai fazer nada, não pode. Seu puritanismo falso a colocou ali, de perninhas cruzadas ao lado da cadeira de mil e uma posições. Não é permitido.
E ela passa todo esse mico king kong só para conseguir respeito, uma ligação no dia seguinte, um pedido de namoro. Vai embora e deita a cabeça no travesseiro tranqüila, porque fez a sua parte sendo uma boa moça. Com a calcinha toda molhada.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Da série: diálogos com meu ex-namorado



- Tá bonita nessa foto do perfil, tripa.

- Por coincidência, hoje sonhei com você.

- Sério? O quê?

- Que você tava na porta de um prédio de cueca. O sonho nao foi só com você, antes que você fique se achando. Foi com várias pessoas, mas você, só você, estava de cueca. Você tem andado de cueca?

- Sempre, é meu hobby. E eu acho que você deveria experimentar também... Andar... De cueca...

- É verdade. Vou começar a fazer isso. Com as suas cuecas que ficaram na minha gaveta, inclusive.

(Quem fala o que quer...)

Novidade: Verdade Feminina


Pessoal que me lê (Oi, mãe!),

Agora tenho uma coluna no site Verdade Feminina. Serão textos inéditos e semanais sobre relacionamento e comportamento.
Você pode ler o primeiro aqui. E me dar dicas de temas que vocês desejam que eu discute nas próximas semanas, lá no meu Twitter.

Também faço freelas, escrevo livros, crônicas, textos, cartões postais e até no guardanapo. Para entrar em contato: marcellabrafman@gmail.com

Marcella

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Da série: diálogos com meu melhor amigo homem

- Conheci um cara nerd, super interessante, desses que tem assunto em qualquer mesa, sabe?
- Sei.
- Ele é tipo você. De inteligência.
- Sei.
- E o melhor de tudo é que ele ADORA minha coluna.
- Marcella, ele não é como eu. Homens que ADORAM sua coluna beijam rapazes.
- Como assim?
- Eu curto uma calcinha fio dental. Mas se eu ADORAR uma calcinha fio dental, eu beijo rapazes.
- Então, consertando... ele... meio que acha doido minha coluna, sabe?
- Se você tiver que consertar o que ele diz... então ele beija rapazes.
(Algum homem hétero me defende e diz que A-D-O-R-A minha coluna?)

Dedo podre


Hoje lembrei da Beatriz, minha primeira psicóloga, que dizia que eu era péssima em fazer escolhas. Eu tinha doze anos. A escolha mais importante que uma menina de doze anos faz é entre a Barbie Ginasta e a Barbie Apinista. E Beatriz já deixava claro que eu seria uma negação para escolher qualquer outra coisa. Sorte dela que eu mudei de psicóloga antes do meu primeiro beijo. Ela mal sabia das escolhas mal feitas que estavam por vir. Em matéria de escolha de homens, sou ótima em escolher os piores - igual escolher no super mercado um cacho de bananas que ao que tudo indica, no mesmo dia vai apodrecer. E ainda levar pra casa.
Voltando a Beatriz, me lembrei dela, ao chegar na temida conclusão de que sou uma péssima "escolhedora" desde então. Desde a Barbie Ginasta. Quando na verdade, eu nao queria a Barbie Ginasta e talvez a Alpinista. E no final das contas, mesmo que eu ganhasse as duas, na verdade eu não queria nenhuma delas. A Barbie que eu mais desejava não era nem a Ginasta e nem a Alpinista. Era a Dançarina. Eu já errava a escolha antes mesmo de escolher. E as evidências deixam claro que continuo fazendo isso até hoje com a minha vida afetiva.
Evidência número 1: se estou em uma boate - aquele local onde pessoas ficam expostas como vitrines, fingindo que são super felizes, mas no fundo preferiam estar em casa comendo pizza e fazendo sexo - e na pista de dança, me olham três caras pegáveis. Um médico bem sucedido e gente boa, um engenheiro inteligente e a fim relacionamentos sérios e um vagabundo que acabou anteontem um relacionamento com uma mulher muito psyco-crazy. Adivinhe qual eu vou escolher. "Escolher", na verdade. Porque eu faço a escolha antes mesmo de fazer a escolha. Eu tenho o também conhecido como "dedo podre", "coração podre" e desconfio que até o cérebro já apodreceu um pouco. Não me venha com o clichê "você está frequentando os lugares errados". Uma vez fiquei três semanas sem sair de casa. Da agência para o meu quarto, do meu quarto para a casa da minha mãe. E mesmo assim conheci um cara podríssimo na fila do Detran. Não me venha também com aquele outro clichê "qualquer dia ele aparece", porque eu também já estou convencida que o amor da minha vida sou eu. Se o amor da nossa vida aparece de repente na nossa porta, o meu tocou a campainha e saiu correndo.
Evidência número 2: quanto mais complicado, melhor. Quanto mais biruta da cabeça, mais eu gosto. Quanto menos tempo ele tem para mim - o que não quer dizer que gosto de caras escrotos - mais eu gamo. Repito: o que não quer dizer que eu gosto de caras que não dão a mínima para mim, já falei sobre isso em outro post. Tem que ser conquistável, mas de um jeito completamente diferente do que pessoas que escolhem com facilidade estão acostumadas a fazer. É que o radar também é podre. É uma coisa de atração podre também.
Então, Beatriz, seguinte, tô ligando hoje mesmo e marcando consulta para semana que vem. Ainda tá em tempo, não tá?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Da série: rapidinhas com meu melhor amigo homem




- O que você vai fazer sexta?
- Não sei. Nunca sei o que eu vou fazer sexta, sábado e muito menos domingo quando eu tô solteira, lembra?
- Você é dramática. Se a gente fosse mais próximo, eu chamaria você e seu namorado para sair comigo e com a Bia.
- Você tá com Alzheimer? Eu terminei já faz dois meses, eu fiquei uma semana falando na sua cabeça. E eu ACABEI de dizer que estou solteira.
- Eu sei.
- Então o quê você está fazendo? Inventando um namorado imaginário para mim? Eu cheguei nesse ponto?
- Não. É que daqui a 27 dias você vai arrumar um namorado. E vai começar tudo de novo. Mais certo que isso, só que Papai Noel não existe.
(Quem tem fama, deita na cama...)

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Da série: diálogos com a minha mãe



Minha mãe me liga e sem querer me pega em um desses meus momentos "drama queen", sentada na cama de pernas para o alto, inventando que minha vida é cheia de problemas (com um pote de Nutella na mão):

- Oi, filha.
- Oi mãe, que foi?
- Tá chorando?
- Não. Tô com a boca cheia.
- O que aconteceu? O que você tá comendo?
- Tô comendo Nutella. Cheguei a conclusão que nunca na vida vou conseguir casar.
- Ai, Marcella, de novo? Que baixo astral.
- De novo porque você não tem ideia da catástrofe que acabei de concluir. É muito pior do que você imagina. E a culpa é sua.
- Minha??
- É. Sua e do meu pai. Minha também. Mas mais de vocês.
- Ah, é? Por que?
- Lembra minha formatura da escola que eu não fiz?
- Lembro, porque você tomou bomba em matemática e foi parar naquela escola esquisita?
- Não. Foi por isso também. Mas sabe por que não rolou?
- Por que?
- Porque eu jamais conseguiria por você e o papai na mesma mesa. É tipo cão e gato, fogo e água.
- Que besteira! Eu e seu pai somos civilizados, jamais brigaríamos na sua formatura de colégio.
- Você que acha. No fundo, vocês iriam achar ruim se eu desse mais atenção pra família de um, tirasse mais foto com a família de outro...
- E o que isso tem a ver com o seu casamento?
- Como que eu vou por você o papai NA MESMA sinagoga? NA MESMA cerimônia?
- Ai, ufa. É só por isso? Achei que você tava com medo de não casar por ser meio complicada das ideias...

(Até minha mãe.)

Da série: resposta ao leitor


Eis que me deparo com o seguinte comentário na minha última coluna no Acidez Feminina:

Shadows disse:
7 de janeiro de 2012 às 16:22
Mulheres são assim mesmo, insatisfeitas, emotivas, ilógicas, irracionais, querem sempre emoções fortes o tempo todo. Perceba que o namoro vai indo de forma tranquila, a maioria das pessoas acham que é isso que mulheres querem. Mas não é, querem riscos, adrenalina, emoções fortes, medo de perder o companheiro. Como ela viu o namorado é bonzinho e não traz insegurança, fica desse jeito se sentindo morta. Se o namoradinho dela traisse, cagasse e andasse pra ela, fosse desapegado, ela ia amar pois isso traria emoções.
Aí se nota como as mulheres são ilógicas e irracionais, gostam do que é errado, o certo e seguro não serve.
Se teu namorado fosse um cafajeste comedor que te tratasse igual lixo, aí você jamais ia dizer tais coisas.

Vou ser rápida e prometo não praticar ofensas. Shadows, querido leitor discípulo de Sheen, você tem razão quando afirma que somos emotivas, ilógicas e irracionais. E olha que você nem se deu o trabalho de citar a ovulação e a TPM. Sim, queremos emoções fortes de vocês o tempo todo. Queremos ser surpreendidas e sair pelas ruas sorrindo de boca a boca para o homem do algodão doce. Nesse ponto, amigo, você tem razão.
Medo de perder o companheiro? Bom, eu já prefiro ter medo de filmes de terror e de ir ao dentista. Creio que viver um relacionamento com insegurança não é o desejo de ninguém - nem de nós e muito menos de vocês, com maiores tendências a serem, digamos, medrosos. Se o meu namorado me trai e "caga e anda" para mim, enquanto ele "caga", certamente eu já estarei andando com outro. Se ele fosse desapegado? Eu não teria nada além de birra e um pé bem fincado na bunda dele. Eu gostava de homens desapegados quando tinha meus 15 anos. Era uma delícia e eu não tinha preocupação nenhuma além de comprar a última Capricho. Eles eram desapegados do mundo e na maioria das vezes usavam All Stars surrados e eram vocalistas de bandas. Hoje em dia, tudo que eu mais procuro é um cara que se apegue a minha vida e queira fazer parte dela por inteiro. Que se apegue a minha família, ao meu cachorro e até a escrivaninha do meu quarto.
Gostamos do que é errado, até descobrirmos o quanto é gostoso o certo. Acredito que o coração é igual a gente, sabe? Ele cresce e amadurece. E não tem outra forma de isso acontecer que não seja passando por muita merda, levando na cara e sendo pisada por gente mala e pé no saco.
Agora, Shadows, vou direto ao ponto. Aonde queria chegar desde o início deste texto... É por causa de homens como você, que desacreditam na nossa enorme vontade de ter um homem com H ao nosso lado, que nos entregamos para o primeiro "mais ou menos" que oferece ombro. É por causa de homens como você, que desacreditam na nossa enorme vontade de que vocês sejam bonzinhos e que as coisas sejam simplesmente leves, que saímos por aí dando para otários e mentirosos. Eu espero do fundo do meu coração que os homens bacanas e bons de verdade não nos interpretem como você. Que não desistam de nós e saiam por aí resmungando para o mundo que somos seres desequilibrados e contentamos com migalhas, com quase nada, com muito pouco.
E por fim, se eu tivesse um namorado "cafajeste, comedor. que me tratasse igual lixo", eu o depositaria na lixeira mais próxima do meu apartamento. De cabeça para baixo para feder bastante.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O bambolê dourado


Achei uma aliança na porta do supermercado. Fina, pequena e com letras gravadas menores que de bula de remédio. Seria ironia dizer que serviu perfeitamente no meu dedo? Pois é. Perfeito, precisaria nem apertar. Gislaine, Gilciane, Gilsa... Foi difícil entender que era Gisele. Gisele S. Flores.
Fiquei dias imaginando o que poderia ter acontecido. Talvez a moça deixou cair enquanto segurava quatro sacolas pesadas do super mercado. Ou quem sabe brigou com o marido e sem pensar jogou o anel o mais alto que conseguiu? Seria mais emocionante se o que ocorreu foi que Gisele pegou seu marido no flagra, comprando vinho e carpaccio com a amante, fez um escândalo digno de novela mexicana, jogou a aliança no chão e pisou em cima três vezes com o salto quinze. Sei lá. Que perda de tempo tentar desvendar. Meus dias são cheios e eu tenho mais o que fazer além de imaginar que raios aconteceu com o relacionamento de Gisele.
Coloquei no dedo. O de casada não, o de noiva. Afinal, não posso ir com tanta pressa assim. "Só até chegar em casa, para não perder", pensei. Fui até o trabalho, a casa da minha mãe, a escola do pequeno, a academia. Me dei conta que o bambolê dourado continuava no meu dedo enquanto lavava o cabelo, lá pras onze e tanta da noite. Liguei para minha amiga. "Que que eu faço, ?". "Volta lá no super mercado e deixa no balcão com aquelas mocinhas que embrulham para presente, sabe?". "Sério que embrulham coisas para presente no super mercado?". "Sei lá, Má. Se você está se sentindo tão culpada, volta lá. Essa Gislaine deve procurar pela aliança em todos os lugares que foi". "É Gisele, ...". Liguei para a minha mãe. "Você tá usando?". ", . Você me conhece, se eu colocar em qualquer lugar do meu quarto não vou achar nunca mais". "Mas dá azar, filha. É urucabaca!". "Tá. Então o que que eu faço?". "Vê se pode fazer uma coisa dessas. Tira AGORA do dedo!". Entrei no Facebook e perguntei para um cara que estava me paquerando. "Vende. Vai no centro e vende.". "E se eu começar a usar para não precisar dar papo praqueles malas de balada?". "Você não precisa disso. Derrete e vende.". E por fim, perguntei ao meu melhor amigo. "Não quero voltar no super mercado porque vão roubar, não quero vender e nem derreter porque eu acredito no amor, não quero usar porque eu já tenho grande tendência em ficar para titia. Que que eu faço, pelamor?". "Faz um texto".

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Entre nós


Moramos em um apartamento pequeno de dois quartos. Bem localizado, perto de padaria, Mc Donald's e salão de beleza. Não precisamos de mais. Ao lado da minúscula sala, uma varanda que cabe eu e você abraçados em dias de lua cheia. Aquele seu enfeite bobo de papagaio penduramos perto de dois arranjos de flores murchas que me esqueci completamente de regar. Você insistiu que as flores fossem de plástico, mas eu não dei a mínima. Até que perto do tanto que é feio o seu papagaio de mentira, murchas e descoloridas, ficaram bonitas. Nosso móvel da sala tem um monte de porta-retrato. Aqueles que herdamos do seu antigo apartamento ficaram feios depois de serem usados para as fotos que eram dela. Comprei vários. E todos novos. Nosso banheiro é todo branco, com toalhas azul da cor do mar. Bem como você pediu, nosso apartamento parece um pouco uma casa de praia. Sua prancha de surf que tem cheiro de mar fica ao lado da minha prancha de surf que nunca tive coragem de usar. Nos finais de semana que pegamos a estrada e vamos para o litoral, acho bonito só ficar na areia vendo você surfar, mesmo você insistindo em colocar a prancha roxa no porta-malas do carro. Vejo daqui minhas blusas jogadas na cama. Você odeia isso, principalmente quando as coloco ao lado das suas roupas de trabalho limpas. Mas é que no fundo, nunca te contei que usá-las depois com um pouco do cheiro do seu perfume é muito melhor. Também fica bravo que use suas blusas para dormir. No fundo, as uso pelo mesmo motivo. Seu cheiro natural é muito mais gostoso que qualquer cheiro que nossa empregada que vem duas vezes por semana usa de amaciante. Na geladeira, todos as suas comidas lights brigam com os meus congelados e infinitos potes daquela mostarda que eu gosto. Você nunca admitiu, mas passou a ter dores de estômago de tanto colocar da minha mostarda no prato. Também nunca admiti, mas como escondido uma torrada com aquele seu queijo light, nos dias que você sai mais cedo para o consultório e reajusta o despertador para que eu não perca o horário. Nosso vizinho é desembargador e sempre reclama da altura que colocamos B.B King para tocar quando chegamos cansados do trabalho. Não temos dinheiro sobrando, porque gastamos toda a sobra com viagens. Não nos cansamos de fazer e refazer malas. Aliás, essa é uma das únicas coisas que você diz que eu sei fazer extremamente bem, apesar de desorganizada. Mas é que sair com você pelo mundo é uma das únicas coisas que me fazem extremamente feliz. Daí meu desempenho em sempre saber escolher nossas roupas, de modo que a mala, nossas pranchas, seu violão e dois travesseiros caibam no porta-malas. Nossa vida é simples, nosso futuro incerto e nosso amor uma música bonita de Jorge. Daqui, sentada no sofá com as pernas na almofada, escrevo com o laptop no colo. Te vejo de cantinho. De óculos, sem camisa lendo um livro na nossa cama. Você acabou de dizer "que não sabe o que eu tanto escrevo que aperto os lábios como se estivesse preocupada com algo". Escrevo sobre nós dois e as preocupação de nunca ter amado tanto a ponto de apertar os lábios enquanto escrevo. Sabe o que que é, meu amor? Nós. E mais nada.

Texto antigo. Old but gold. Me traz boas sensações. Feliz Ano Novo!