quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

De: cérebro, Para: coração


Me deu o maior medo. Eu já estava quentinha, no meio das cobertas, feliz da vida porque amanhã não tinha hora para acordar e veio. Bateu o desespero, caiu a ficha. Finalmente a mensagem chegou. Demorou, mas veio. Veio como aqueles cartões bregas e exagerados que você abre, toca música e voa purpurina e dá um desespero danado. Veio em letra maiúscula, fonte 270: "Coração, você se apaixonou. Um abraço nada apertado se não dói mais, seu Cérebro". Não consigo mais dormir.
Tenho vontade de te ligar e dar uma de louca como eu fiz quando estávamos no meio da pista de dança da boate se beijando e eu cortei clima perguntando se você estava arrependido. E você me olhou com cara de quem olha pra uma louca que não sabe o que está dizendo e disse "lógico que não". Tive essa mesma vontade. De ligar e dar mais uma de louca que não sabe o que está dizendo e perguntar se, por favor, pelo amor de Deus, por todos os santos que nós não acreditamos, eu posso me apaixonar por você. Depois de tantos anos, tantos desencontros e mandando em tanta gente, eu preciso saber se posso, se realmente posso, finalmente obedecer. Eu não sei se a sua ficha caiu que estamos juntos. Olha, eu preciso que você repita pra você mesmo essas palavras: estamos juntos. Você sente um negócio na garganta? Você é homem, é menos intenso que eu e sabe amolecer e endurecer o coração como ninguém. Mas me diz: também é difícil para você admitir que agora é meu?
Lembrei que você disse que não estava perdidamente apaixonado. Confesso que eu também não. Perdidamente é muito forte. Mas eu estou apaixonada. Diz a Bia, minha amiga, que homem só apaixona depois. Mentira. Eu nem acreditei. Mas eu fingi que acreditei. Vai vê é assim que funciona mesmo. Vai vê você daqui a uns dias se dá conta que isso é paixão. Veja só, comigo aconteceu quando eu estava pronta para dormir, pensando em pegar uma meia no armário. Quem sabe com você não acontece enquanto passa fio dental nos dentes? Nunca se sabe. Mas enquanto eu não tenho certeza de nada, preciso saber se posso. Posso pensar na gente? Programar você, encaixar você, limpar essa sujeira toda que tem aqui dentro e por você?
Já se passaram duas horas, vinte músicas, três sites de astrologia. Lembrei de um escritor amigo que fiz na internet, que veio outro dia me contar que tinha medo de perder a namorada. Eu achei meio bobo e respondi que ele corria esse risco desde o momento que a conheceu. Irônico. Eu sinto o mesmo medo ridículo dele. Meu medo é que você seja como aquela antiga eu, que se comprometia e logo jogava fora porque se achava mais incrível. Confesso que estou num beco sem saída. Você É incrível. Você é aquele tipo que eleva o nosso padrão de qualidade e ferra com a nossa vida se um dia sair dela sem pedir autorização. Fica difícil achar alguém tão incrível como você.
O engraçado é que eu não fiz nada, não gritei, não liguei, não mandei uma mensagem de texto psicótica louca, e esse medo passou. Ou tudo isso não passou de um surto de insônia, ou acabou de chegar a resposta do meu coração para o cérebro, mais ou menos assim: "Com todo respeito, chefe: eu agüento. Ou pode me chamar de coração mole".

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Pressa we go


Era um sábado à tarde. Eu dirigia tranquilamente, até passar na pista ao lado, atrapalhando o meu Radiohead que tocava baixinho, um playboy com um carro tunado, a 120 km/h. Era sábado e ele tinha pressa. É segunda e eu tenho pressa. Já é quinta e você também tem pressa. Pressa we go.
Aproveitei os últimos dias para reparar alguns momentos da minha rotina, que deixam claro que eu também faço parte dessa turma do “rush”.Para começar, percebi que o “desculpe, estava com pressa” funciona melhor que “desculpe, estou de TPM”. Mesmo que não seja a mais pura verdade, as pessoas acreditam. Afinal, o mundo está girando rápido demais, e se você parar para discutir se pode ser mentira ou se pode ser desculpa, bom... você perde tempo. Em segundo lugar ficou o dia que fui na padaria comprar um lanche. Eu me imaginei pulando no pescoço da mulher que demorou cinco minutos para digitar a senha do cartão de crédito na fila para pagar. Ela digitava lentamente, revezando um dedo na maquininha e outro na boca, raciocinando de forma bem zen qual seria o próximo número da senha. Errou duas vezes. E por fim, eu já me imaginava pulando no seu pescoço e praticando uma morte bem lenta. Ela estava de chinelo, de bom humor, de bem com a vida e não tinha pressa. Eu estava atrasada para voltar para a agência e tinha muita, muita pressa. E relatórios para entregar.
A terceira e última situação foi quando precisei marcar com o pintor para pintar duas paredes do meu apartamento. “Fechou, Ronaldo? Terça, às 10h?”, perguntei. “Combinado. Mas você se importa de me ligar na segunda às 20h para me lembrar? Pode ligar na terça às 8h também”. E tudo que vinha na minha cabeça era: será que Ronaldo acha que estou por conta dele e da pintura do meu apartamento? Pô, Ronaldo, colabora. Eu tenho pressa. E claro, eu me esqueci de ligar. E ele não foi.
Será que nessa pressa do dia-a-dia deixamos algo para trás? Ou somos deixados? De repente olhamos para o calendário e nos assustamos, como quem não correu léguas o ano inteiro. “Dezembro, Natal, mas já?”. Virei escrava de Mark Zuckerberg e sua falta de trejeito ao achar mais simples que as pessoas me eviem o que precisam falar por “inbox” no Facebook. Virei discípula de Steve Jobs, ao responder e-mails no meu IPhone, enquanto almoço.Tenho medo de deixar pessoas especiais serem pisoteadas pela correria. De não fazer aquela ligação, aquela visita ou ter tempo para desejar a um bom amigo os parabéns pessoalmente. Tenho medo também de esquecer de ligar para os meus pais, para minha avó ou para a dermatologista, para simplesmente desmarcar uma consulta. Como também tenho vontade que as horas voem, os projetos se concluem e que coisas boas venham a jato. Brigo com a rapidez, xingo as horas e logo, logo, faço as pazes e peço um pouco de tranquilidade e paz.
O mais engraçado é que o playboy que passou ao meu lado a 120 km/h teve que parar seu carro tunado no mesmo sinal que eu, e esperar os mesmos três minutos. Eu só não digo que a pressa é inimiga da perfeição, porque ele era bonito demais. Demais.

Crônica publicada na penúltima página da Revista Ragga #58, de fevereiro.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Da série: rapidinhas com meu melhor amigo homem


- Conheci um cara ótimo.

- Hum...

- Ele pegou meu telefone.

- Hum...

- Você pegaria o telefone de uma mulher que jamais gostaria de ver de novo?

- Acho que sim.

- Aff. Então para onde vão esse caras que pegam o nosso telefone e não ligam nunca mais? Pro Acre?

- Eles vão pro mesmo lugar dos caras bacanas que vocês colocam na "friendzone".

(cri cri cri)

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Quando tudo é permitido, nada é proibido (por Mr. Perfect*)


Assunto de hoje: mesmice. A gente sempre tá reclamando de alguma coisa; se solteiros reclamamos da falta de companhia no domingo... se “comprometido”, reclamamos da falta de espaço no domingo. Reparou o “algo em comum” entre as duas coisas? A mesmice. A gente cansa rápido das coisas, pessoas e rotinas, por mais maravilhosas que possam parecer pra quem tá de fora.
Aí vem: o que fazer pra sair da mesmice? Pra quem tá solteiro, a resposta é fácil: faça o que quiser. Mas quem namora sabe que às vezes só podemos fazer o que o outro quiser. Sim, dividimos tudo em um relacionamento, até mesmo as decisões. Ninguém é tão autônomo quanto banca ser. Acredite em mim.
Então, invariavelmente, uma coisa que fica morna em um relacionamento é o sexo, afinal ele depende do outro. Pode ser por vários motivos, mas na maioria das vezes a coisa começa a ficar meio automática. Ela dorme na casa dele na sexta: comem qualquer coisa, vão pra casa, transam, viram cada um pro lado e dormem. Isso durante dois anos se torna mais previsível e esperado que osteoporose na velhice. Sério.
Quer ver seu parceiro feliz? Seja imprevisível. Não ao ponto de arrumar outro(a). Isso é desagradável. Mas seja imprevisível com ELE(a). Esse lance de que “Ah não, minha namorada é muito careta” é por que ela não tá relaxada com você, parceiro. Se você pensa “Mas se eu sugerir isso, ele vai me achar vulgar.”, te digo que não tem problema nenhum em ser vulgar na cama com ele. Aliás, ele quer isso.
Homens foram “educados” a base de filmes pornô. Mulheres foram educadas à base de aulas de balé. Não me chame de machista! Pode parar... sabemos que a sociedade pensa assim e não estou generalizando. Mas, porquê não juntar os dois mundos? Meu velho, propõe um tapa num lugar diferente, um lugar diferente ou um “lugar diferente”. Minha querida, faz um strip pra ele com a sua roupinha de balé!
Quando tudo é permitido, nada é proibido. Gosto dessa frase. Ainda mais que ela rima. Entre quem se gosta não tem que ter julgamento, errado, impróprio. Ninguém precisa ficar sabendo sobre o que vocês fazem! Aproveitem a cumplicidade de um relacionamento pra experimentar coisas novas. Mas comprem gelol.

* Mr. Perfect não sou e nem meu alterego masculino. É um cara bacana e que sabe das coisas, que vez ou outra vai dar as caras por aqui.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Ninguém escapou


A TPM da Rainha:
Traga duas dúzias de macarons, uma garrafa de champanhe e diga ao rei que não quero vê-lo nem pintado de ouro.
A TPM da Cleópatra:
Traga dois colares de diamantes e três de esmeraldas. Diga a Marco Antônio para me trazer também a cabeça de César.
A TPM da índia:
Traga cereais, castanhas e frutas frescas. Diga ao cacique que estou indo caçar, para dar uma desestressada.
A TPM da Joana D'arc:
Traga um papel, pois preciso aproveitar essa ansiedade e escrever uma carta ao rei. Vou te contar, tá fogo, viu.
A TPM da Carmen Miranda:
Traga qualquer coisa, menos fruta. Que vontade louca de tirar essas coisas da cabeça, fazer uma mudança radical no visual, quem sabe colocar no lugar de frutas, chocolates?

A TPM de Eva:
Traga uma folha para que eu consiga tampar esses peitos inchados. Adão, você se importa de nos próximos dois dias ficar na árvore ao lado?
A TPM da dona desse blog:
Estou carente, comentem, elogiem, me amem.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Você e Pedro




Você e o Pedro ficaram

Você e sua amiga:
- Amiga, lembra do Pedro, que estudou com a gente na faculdade?
- Lembro. Gatinho.
- Fiquei com ele ontem na balada.
- Não acredito! Ele ainda toca violão? Como que ele chegou em você? Tinha muito amigo bonito? Pegou seu telefone? Já te ligou?

Pedro e o amigo:
- Lembra da Claudinha que estudou com a gente?
- Lembro... que que tem?
- Peguei ontem!
- Aaaah Malandro! Ela não tem umas amigas não?

Você e o Pedro foram ao cinema.

Você e sua amiga:
- Amiga, desculpa, não te atendi porque estava dentro do cinema.
- Com seu sobrinho?
- Não, com o Pedro. Inclusive tô te ligando do banheiro. Nossa, ele é lindo, gentil, carinhoso, educado e beija bem. Acho que tô apaixonada. Ai, não sei. Deixa eu desligar que ele pode desconfiar, tô demorando demais. Te ligo contando tudo depois.

Pedro e o amigo:
- Seu viado, pq nao me atendeu?
- Tô no cinema, porra! Com a Claudinha!
- A da semana passada?
- É.
- Ahhh, muleque! Me deixa orgulhoso então!
- Falou!

Você e o Pedro transaram.

Você e sua amiga:
- Rolou tudo, tudo, tudo?
- Rolou, amiga.
- Mentira! Me conta! Ele beija bem? Como é a cor da cueca dele? Boxer??? Ai, amo boxer...

Pedro e o amigo:
- Comeu?
- Aham!
- Doido. Me passa o controle.

Você e o Pedro começaram a namorar:

Você e sua amiga:
- Você não ia me contar? Não acredito! Tô muito brava!
- Desculpa amiga, foi agora, não faz nem dez minutos. Nossa, tô muito feliz!
- Eu também tô muito feliz por você! Já pôs no Face?

Pedro e o amigo:
-Tá namorando?
- Tô, bicho! Encoleirado!
- Fez bem, não consegue melhor nem a pau!
- Hahaha! Verdade! Bora marcar uma cerva!

Você e o Pedro terminaram:

Você e sua amiga:
- Ah, amiga, não fica assim. Ás vezes foi melhor. Não era pra ser. Lembra que a Susan Miller disse que ia acontecer uma reviravolta na sua vida, que só traria coisas boas?
- É. Mas ele não podia ter terminado assim do nada. Anteontem ele dizia me amava. Tá doendo demais. Não faz sentido. Eu achei que a mudança que a Susan Miller disse foi sobre trabalho.
- Tô indo praí e a gente faz pipoca, tá?
- Tá.

Pedro e o amigo:
- Cara... fica assim não... você ainda vai continuar vendo ela!
- Como assim?
- Eu tô ficando com ela...
- Hein?
- Brincadeira... Xbox?
- Fechou, tô indo praí!

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

5 coisas esquisitas sobre mim


Tenho muitas ideias enquanto estou dirigindo sozinha, e por isso, dirijo com o gravador do celular ligado. A ideia de escrever este texto, por exemplo, estava gravada em um arquivo de três semanas atrás. Como se fosse uma auto-análise do meu comportamento enquanto ia da agência para casa. Coisa de gente esquisita – ou de jornalista desmemoriada.

Procuro saber todas as pessoas que estarão no lugar que tenho – ou quero – ir. Se não estou com vontade de encontrar a pessoa X, e ela provavelmente estará no lugar Y, me direciono ao lugar Z. Ou fico em casa, escrevendo textos esquisitos como este e lendo livros. Não sou uma boa stalker, então muitas vezes essa mania de ser controladora social dá muito errado. Aí, eu não esqueço nunca de levar um blush na bolsa – ninguém quer parecer pálida para uma pessoa X. E caso a pessoa X aparece de repente no lugar Y, eu sorrateiramente finjo que estou no celular. (Ensinarei melhor essa técnica qualquer dia desses...)

Todo mundo sonha três a quatro vezes por noite. Mas o normal é lembrar de um ou dois sonhos. Eu lembro de TODOS. Tipo, todos. Desde pequena é assim. Em noites de dez horas de sono, então, é um caos. E geralmente, quando eu sonho que briguei com fulano, não aguento nem olhar na cara do fulano como se nada tivesse acontecido. Então se eu fiquei chata do nada, e você não sabe porque, é só o sonho. No dia seguinte passa.

Não como nada de porco. Sou judia, então é basicamente por uma questão religiosa. O mais engraçado é a cara que as pessoas fazem quando eu nego bacon. Em compensação eu como muito chocolate. Não sei se bacon é tão gostoso quanto chocolate e vice-versa. Mas vale, ?

Tenho pânico nível 5 de elevadores. De qualquer tipo, que faça qualquer barulho. Desde criança, por culpa de um prédio que morei, que os meus vizinhos paravam o elevador nas divisórias dos andares. Eu ficava no fundo, suando as mãos e rezando para não cair. Nesse caso, o celular também sempre funciona quando entro com algum desconhecido. Uso também a tática de olhar para o teto. E dei a maior sorte, que o da agência tem televisãozinha mostrando a cotação do dólar. Eu penso assim: se eu morrer, pelo menos morri bem informada.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Mulherzinha é mulherão (por Mr. Perfect*)


Que as mulheres querem igualdade de direitos com os homens, todo mundo sabe e eu apoio totalmente. O que eu estou achando meio estranho é que mulher agora tá querendo ser igual ao homem, literalmente. Quem foi que disse que feminilidade é coisa do passado e que a moda agora é hormônio de cavalo?
Um dos melhores jeitos de definir uma coisa, ao menos para mim, é estabelecer o que ela não é. Se ninguém nunca viu uma Televisão, um dos jeitos de dizer o que ela é, é dizendo o que ela não é: uma televisão não é um carro. Simples, né? Deu pra visualizar. Então, o que mulher é? Posso começar dizendo que não é homem.
Ao menos não era. E a gente está perdendo o controle da coisa de um jeito que não sei aonde vai parar. Músculos definidos, veias pulando, abdômen rasgado e bumbum parecendo um peru de natal... não acho isso muito legal.
Mulher tem que não ser homem. Tem que ser feminina, delicada na voz e nos gestos. E no corpo também. Tem que ter curva natural e não curva de photoshop. A bunda tem que ser bundinha e não bundão. O peito tem que ser “peitinho” e não peitão. Mulher tem que ser “mulherzinha” para ser mulherão.
A perna tem que ser gostosa de passar a mão, e não um toco de árvore que você sente dor no pescoço ao se deitar no colo pra ganhar um cafuné. A barriga tem que ser gostosa pra fazer cócegas e não uma mesinha de notebook e xícara de café. A bunda tem que ser gostosa pra dar uma mordida, sem risco de quebrar um dente no processo.
Estrias e celulites vêm com o pacote, mulherada. Não esquentem. Somos muito mais uma mulher confiante e satisfeita com o seu corpo do que uma bitolada que só transa de luz apagada. Mulher tem que ser delicada. A Juju Panicat é bunduda, mas nós homens temos muito mais interesse na bundinha da Marjorie Estiano. Sejam femininas e deixem que nós sejamos os ogros que sempre fomos.
* Mr. Perfect não sou e nem meu alterego masculino. É um cara bacana e que sabe das coisas, que vez ou outra vai dar as caras por aqui.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Da série: diálogos com a minha mãe

- Filha, comprando cota de um clube aqui do lado de casa e posso colocar uma pessoa com menos de 30 anos como dependente.

- Que máximo, mãe! Posso te ligar daqui a pouco? no meio de um planejamento, mil coisas acontecendo, tá complicado, me desculpa...

- Filha, você tem que vir aqui no clube. Eu vou te colocar de dependente.

- Mãe, eu prometo que vou. Mas eu posso te ligar depois?

- Não, não pode. Você tem que vir no clube agora!

- Como assim? São três horas da tarde! Eu na agência, no meio de um planejamento.

- Marcella, eu sei, vem logo. Filha, tem mil piscinas, academia, é do lado da minha casa...

- Mas mãe, eu não posso. na agência!

- Mas você vai ser minha dependente com menos de 30 anos! Filha, vamos tomar sol todos os dias. Vem! Quer que te passe o endereço?

- Mãe, eu posso ir amanhã? Se bem, que amanhã não dá. Posso ir hoje depois do trabalho? Umas 21h?

- Não. Você tem que vir agora.

- Mãe, trabalho em outra cidade! E são TRÊS horas da tarde!

- Filha, vou desligar por que já preenchendo a ficha, tá?

- Mas, eu não vou.

- Tá. Não esquece de trazer a foto três por quatro.

(Elas são lindas e vão para sempre achar que você está em casa vendo a Sessão da Tarde...)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

A semiótica da calcinha (por Mr. Perfect*)


A invenção da roda possibilitou ao homem um avanço sem precedentes em várias atividades corriqueiras. Foi um avanço apenas comparado até hoje com o advento da mini-saia. A mini-saia, para quem não sabe, foi inventada por um hétero que queria ter mais assunto com os amigos em um bar, podendo dizer coisas como: "Olha, Olha... tá dando pra ver a calcinha daquela alí*" (* tradução livre).

O homem, desde que seus olhos surgiram, criou uma sequência de olhar que chamo carinhosamente da sequência "P-B". A sequência "P-B", nada mais é do que o aperfeiçoamento da visão periférica para conseguir olhar, e avaliar, em poucos segundos para os "Peitos e Bunda". É batata. Num raio de 12 metros, qualquer homem já olhou e avaliou mentalmente o "P-B".

Mas, aonde a calcinha entra nisso tudo? Pergunta dúbia, né? Aonde o assunto calcinha entra nessa história? A calcinha é, em suma, um porta-jóias. Isso mesmo. Guarda tudo aquilo que de mais precioso e especial que existe e por isso merece um pouco de nossa atenção. A seguir, detalharei alguns tipos de calcinhas e quais seus significados.

Calcinha Teen - Antes de mais nada, "teen" é mais um jeito de viver do que uma determinada faixa etária. A moça teen é aquela que vai comprar pão, ou um maço de cigarro pra empregada, usando uma camisa branca básica justinha e uma calça de moleton. Quando ela se abaixa pra pegar um bombril na prateleira de baixo, metade de seu cofrinho aparece, sendo tapado por uma calcinha estilo CAPRICHO. Essa calcinha é recomendada caso ele te chame pra jogar Mario na casa dele numa terça à tarde. O fato de você querer pegar no joystick dele vai ser tão surpreendente, que ele nem vai reparar na sua calcinha corta clima.

Calcinha de algodão branca - Não fede nem cheira. Literalmente.

Calcinhas fininhas na bunda - Homem que é homem não sabe o nome desse tipo de calcinha. Só sabe que curte. Eu curto e não sei o nome. Recomendada para garotas que sejam ousadas e praticadoras de pole dancing. Normalmente são bem legais e indicadas pra quem quer impressionar. Uma imagem vale mais do que mil ações e ele vai se lembrar de você. Prometo.

Calcinha meio short - Mais uma que não sei o nome e nem quero saber. Essas são legais, dão um contorno legal no bumbum. Se você tiver bumbum, é claro. Se não for muito farta na retaguarda, NÃO USE. Ele pode se lembrar de Felipinho, que joga bola com ele toda terça, usando aquele short adidas modelo de 77. Bundão? Aí sim.

Calcinha bege - Tenho que falar? Sério? Se você não sabe quais as reações de um homem a uma calcinha bege, certamente este texto não vai te ajudar em nada. Vá ler sobre "medidas sustentáveis na indústria bélica".

Att,

Mr. Perfect.

* Mr. Perfect não sou e nem meu alterego masculino. É um cara bacana e que sabe das coisas, que vez ou outra vai dar as caras por aqui.

2020



Ela

Já estava cansada das mesmas músicas que a rotina cantava desafinada ás segundas pela manhã. O vento frio de São Paulo não era mais aquele vento que contraditoriamente a aquecia ha dois anos e meio atrás. Seu apartamento, um verdadeiro arquivo de encontros casuais, permanecia com a varanda iluminada pelas luzes da rua e as garrafas de cerveja importada continuavam jogadas em um canto qualquer da sala. Há meses.

Desde que seus antigos pensamentos a invadiram brutalmente em um porre de champagnhe rosê saindo da sua última reunião de pauta, a vida já caótica se tornou infernal. Ouviu no rádio três ou quatro dias depois, notícias de que no sábado, do dia 27, ele estaria na cidade. Naquela metrópole. Que não era dela nem dele - era emprestada pelo mundo. Comprou um vestido novo na cor de seus lençois: vermelho. Tinha essa mania estranha de combinar roupas do corpo com roupas de cama. E enquanto experimentava pela décima vez a nova peça, imaginava a roupa que ele estaria usando naquela entrevista. Cruzava os dedos para que combinasse com a fronha de seus travesseiros.

Deitou-se com o laptop no colo. Por diversas vezes escreveu e-mails tristes de saudade, como se fossem cartas, e os guardava por ordem de data na pasta de rascunhos. Todos eles com o destinatário pronto. Assim, fingia para si mesma que de fato ele havia recebido e estaria só esperando o momento certo de respondê-los. Imaginar suas respostas era seu remédio contra a insônia, em noites que subconscientemente ele reaparecia nos seus pensamentos.

Naquela noite, porem, véspera do dia 27, prometeu que mandaria um sinal em alguma dessas antigas redes de relacionamento que eles costumavam usar. Ele precisava saber que ela estava ali: bem perto. Hesitou e sem coragem adormeceu, enquanto fantasiava exausta qual seria sua resposta. Era melhor imaginar. Sempre.

Evitava observar com muita atenção suas fotos em matérias de jornais que vez ou outra ele aparecia contando suas últimas jornadas. Por isso, sentada em uma das últimas cadeiras do auditório lotado, reconheceu que ele não era mais um menino de vinte e poucos anos. Já era um homem e continuava lindo. Exatamente como no dia que no meio do estacionamento sorriram um para o outro como se já se conhecessem.

Tudo teria sido em vão, se mais uma vez ela não se satisfazesse com o simples fato de fantasiar o encontro. Não sobrou espaço e fôlego para seus braços finos e pernas bambas chegarem até a mesa que, feliz como nunca, ele distribuia seus autógrafos. E dali, ela foi até o estacionamento, o carro, e ao supermercado, para comprar duas, três ou seis cervejas importadas.


Ele

Ele continuava cheio de manias. Colecionava CDs e livros de todos os tipos. Até mesmo aqueles que nunca passaria os olhos. Justificava-se dizendo que mesmo que nunca lesse ou ouvisse, alguém com certeza um dia os pediria emprestado. E isso era uma coisa que gostava de fazer: emprestar. Era como se doasse um pouco de si mesmo ao outro. E com isso, fugia do compromisso de fixar sua personalidade. Ele queria ser muitos. Muitos em um só. E assim, era.

Não pediu que o sucesso batesse na sua porta. Afinal, nem muitas portas sua casa tinha. Meses depois que ela partiu, alugou ao lado de seu antigo luxuoso apartamento um quarto-sala onde só cabiam uma cozinha improvisada, a cama e suas coleções. Nas manhãs seguintes de seus sucessivos porres de vinho tinto, acordava com taças espalhadas até o teto. Lembrava sutilmente dela, que espalhava as garrafas de cerveja importada que bebiam juntos ás sextas por todo o apartamento. Ela sempre invadia sua mente sem que ele pedisse. E quando isso acontecia, escutava um dos novos CDs de sua coleção no volume máximo e marcava encontros com loiras. Um vício que alimentava o outro.

Conseguiu fama rápido. Em menos de um ano trabalhando em uma conhecida rádio da cidade, fora chamado para fazer programas de televisão de uma emissora muito bem conceituada. Era muito alto, e tinha os traços do rosto fortes.

Dizia não ter o dom para escrita, mas em seu laptop, cuidadosamente colocado no colo em madrugadas de insônia, escrevia histórias lindas que não deixava ninguém ler. A não ser ela, anos atrás. Seguiu o conselho de uma das loiras que por mera distração do álcool, tomou o laptop nas mãos e leu seus textos enquanto ele dormia. Acordou e ela tinha lágrimas nos olhos de emoção. Aquelas histórias eram muito bonitas para não serem publicadas. E assim, fez.

Ganhou prêmios, viajou o mundo e sentiu toda sua liberdade. Sentiu falta de casa - não das pessoas - e voltou deixando boas histórias para trás. Seis meses haviam se passado e pelo menos uma vez por semana lembrava daquele primeiro encontro no estacionamento. Ela cheia de sacolas nos braços, lutando para encontrar a chave do carro na bolsa. Ele não admitia, mas a observava desde que se encontraram na prateleira de destilados do supermercado. Ela, muito concentrada na escolha de seu Cabernet Sauvignon, não prestava muita atenção para os outros solteiros incompreendidos que também planejavam uma noite solitária de porre. Orgulhoso, dizia para si mesmo: fui eu que amei primeiro.

Já era inverno e na semana seguinte começava sua temporada de autógrafos pelo país. Achava esses eventos muito chatos e cafonas. Não sobrava tempo para curtir os lugares e conhecer pessoas novas. O hotel, por mais luxuoso e caro, não tinha o aconchego do seu minúsculo quarto-sala.

Notou que dia 27 estaria em São Paulo. Justo a cidade que era dela. Hesitou e pensou em se desculpar e dizer que não poderia ir por conta do frio. Imaginou ela por perto. Sentiu um arrepio. Não gostava de imaginar. Lembrava que em dias de muita imaginação, acordava com loiras desconhecidas do lado esquerdo da cama. Sentia-se culpado por isso.

Já era hora e o auditório estava lotado. Houve um momento em que ficou sem palavras. Sentia seus pensamentos distantes daqueles que o observavam com muita atenção nas primeiras cadeiras. Poderia dizer que ela estava ali, respirando do mesmo ar, ouvindo os mesmos sons. Distribuiu seus autógrafos e entrou no carro aliviado. Tudo o que mais queria - e iria - fazer era passar no supermercado mais próximo e comprar duas, três, ou seis cervejas importadas.

(continua...)

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Da série: rapidinhas com meu melhor amigo homem


- Não tô muito feliz não.

- Por quê?

- Bati o carro.

- Ah, Marcella, que drama. Foi batidão ou batidinha?

- Batidinha.

- Aonde?

- Na garagem.

- Eu sei, mas pegou onde no carro?

- Naquele negócio que fica em cima do trem da roda de trás.

(Mulheres...)

((Google Imagens, eu te amo))

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Psicologia Reversa


Alguns comentários sobre livros de auto-ajuda feminina que você não pode deixar de ler para ser uma mulher feliz, bem resolvida e realizada (not):

“Como dormir sozinha numa cama de casal?” – Eu diria que esparramada é uma ótima maneira. Com as pernas em dois travesseiros de plumas e de barriga pra cima também é ótimo. Nossa, e com dois travesseiros da Nasa, então…

“Por que os homens amam as mulheres poderosas?” – Porque graças a Deus, tirando as loiras oferecidas, as neurônio tico e teco e as insuportáveis que usam blush rosa e falam fininho, alguns ainda gostam de nós, mulheres interessantes, meras mortais de escritório. Viva! Quem escreveu esse livro não merece muita zoação. (Mas só pelo título. Nada além disso, porque o livro continua sendo brega.)

“O que toda mulher inteligente deve saber” – Que ler esse livro não vai mudar nada. Você vai continuar emburrecendo e errando caminhos quando se apaixonar.

“Como fazer alguém se apaixonar por você em até 90 minutos” – Se você for mulher, assista aos 90 minutos de jogo sem falar nada. Se você for homem, aguente esses 90 minutos no shopping. E de preferência DENTRO da loja e não sentado no sofázinho que fica em frente.

“Como encontrar, segurar e entender os homens?” – O último homem que eu consegui encontrar, segurar e entender é o meu melhor amigo gay.

“Manual para não morrer de amor” – Isso mata?

“Quem vos uniu foi Deus” (sim, esse livro existe) – Não foi o fato de vocês dois se gostarem e valer a pena ficar junto. Foi Deus. Foi Deus.

“Pare de beijar sapo” – E faça uma teia de aranha na perereca. Brincadeirinha.

“Guia do Toco: como dar e levar sem perder o bom humor” –
Eu não sei qual o objetivo desse livro. Na real, eu achei bem maldoso. Levar fora de homem é complicado. Será que as mulheres que leem o livro saem por aí puxando os caras pelo cabelo, fazendo fiu-fiu na rua e morrendo de rir se eles não dão bola? Que medo!

“Levei um fora. E agora?” – Use o tempo que você gastaria lendo este livro fazendo um brigadeiro de panela. E depois gaste a mesma quantidade de tempo na academia.

“101 coisas que não me contaram antes do casamento” – Como lidar com as 101 coisas que acontecem depois dele.

“Como fazer amor sem tirar a roupa” – (Não tenho o que dizer sobre este livro de auto-ajuda. É sério. Fiquei sem palavras.)

“Mulheres certas que amam homens errados” – Se você ama um homem errado, quem não está certa é você. (Olha quem está falando...)

“Roteiros do namoro: quando dizer sim e quando dizer não” – Se você é homem: “Amor, tira do futebol e coloca na novela?” “SIM” “Amor, eu tô gorda?” “NÃO”.
Se você é mulher: “Amor, posso deixar de ir na festa da sua amiga Bia pra jogar poker com os meninos?” “SIM” “Amor, você faz questão que eu lembre todo mês do nosso aniversário de namoro?” “NÃO”. Pronto.

Ps: Se você leu algum desses livros e achou incrível ou conhece o autor de algum deles, deixo claro que é apenas uma brincadeira. Afinal, ler algum desses livros é melhor do que ler Paulo Coelho. (Brincadeira de novo!!)